quarta-feira, 27 de outubro de 2010

35 - O MELHOR DE UM RELACIONAMENTO


Cá estou eu sentado na frente do computador tentando iniciar esse texto de uma maneira bacana. É sempre assim comigo, eu sempre tento começar o texto com uma frase de efeito ou algo do tipo, aquele lance "pra prender o leitor logo de cara", mas foda-se, não consigo, sempre começo de maneira simples e até meio cliché, mas se isso me faz seguir adiante, tá valendo.

Eu nunca tive muitos relacionamentos.

Na real, apenas três, daqueles ali, a sério mesmo, de apresentar pra família e de almoços de domingo e as porra. Mas foram daqueles que tiveram um antes, um durante e um graaaaaaaaannnnnnnnde depooooooois, e não é uma questão de flashback com as ex não, é uma questão de reflexão mesmo. Flashback teve também, confesso, mas eu nunca consegui sair de um namoro e emendar outro logo de cara, como o Ivan, meu camarada, por exemplo: tinha vez que a gente fazia as contas e parecia que ele tinha mais tempo de relacionamentos do que de vida. 5 com uma, 6 com outra, 4 com outra, 7 com uma outra... eu não, eu terminava um namoro e ficava pensando, pensando, pensando.... ariano é uma desgraça, nunca pensa, mas quando pensa exagera, parece que nunca mais vai parar. Até voltar a não pensar de novo é um puta processo. Mas o lance é que eu de novo terminei um longo processo de pensamento sobre isso, depois de muitas conversas com amigos, depois de muitas brejas, beques, depois de muito ler sobre tudo, depois de outras tantas mulheres, depois do medo do término, depois de muitas brigas e conversas repetitivas, depois de uma série de arrependimentos e ressacas morais, depois de outro tanto tempo sem me relacionar de verdade com alguém novamente, e recusar, e dizer que não queria nunca mais me relacionar novamente, eu cheguei a conclusão de que o que me faz querer de novo é uma coisa que aconteceu nos meus três relacionamentos anteriores, que é a construção da intimidade.

A melhor coisa que existe em um relacionamento é a intimidade. Caralho, como é bom ser íntimo de alguém, daquelas de saber o que a outra pessoa tá pensando só pela maneira como ela morde uma goiaba. Certa feita aconteceu uma parada engraçada comigo. Eu acordei no meio da noite, na verdade naquele limiar entre o estar acordado e estar quaaaaase dormindo, eu lembro que eu despertei, me apoiei na cama e disse em voz alta: "caraca... eu tô feliz." A maioria das pessoas não sacam quando se está feliz, até porque não é uma coisa que você fica mensurando ali, assim como a morte - o Luiz Felipe Pondé tava falando dia desses que ninguém pára no meio da rua e pensa "caraca... eu vou morrer.", isso tornaria a vida insuportável, você só sabe que vai morrer e segue com sua vida sem se dar muito conta disso. Eu tenho problema, pq vira e mexe eu penso essa merda, assim mesmo, de parar no meio da rua e pensar "caraca, eu vou morrer", mas como eu sou meio tonto, logo me distraio com um passarinho ou qualquer outra coisa e sigo vivendo. Assim é com a felicidade, eu nunca me importei em ser feliz, digo, em buscar a felicidade, pq sempre acreditei que ela é inevitável. Já reparou que estar feliz é inevitável, assim como o verbo é estar, e não ser? Não se é feliz, se está feliz. Depois infeliz. Depois triste, depois alegre, depois puto, depois calmo... esses sentimentos são passageiros, mas as pessoas buscam tanto a felicidade como objetivo que se esquecem que até na merda vc terá momentos felizes, e até se tudo estiver indo muito bem com vc, algo vai fazer vc infeliz. Paz sim, é real e calma e serena, e te dá estrutura pra entender essa inconstância dos sentimentos mais passionais. Todos eles passam, mas se dar conta ali, no meio da noite, do nada, que eu estava feliz, me deixou... feliz. E eu tava feliz porque, além de tudo estar indo bem no geral, eu ainda tava num relacionamento que era cheio de intimidade. Não importa como esses relacionamentos acabaram, se restou mágoa ou não, se nos falamos ainda ou não (e sim, nos falamos sem problemas, eu e minhas ex-namoradas), o que eu mais gostei e mais me lembro deles, é essa construção. O bom de chegar a essa conclusão é que isso me dá um norte para me guiar pelo caminho do próximo relacionamento, quando e SE ele vier: pra mim, ser íntimo e ter intimidade com alguém é a melhor coisa que existe.

E essas conclusões só são alcançadas quando alguém desperta isso em você.

4 comentários:

Ana Choueri disse...

Porra, e eu falei pra Sil que ia te ligar ontem justamente no meio de uma conversa em que eu dizia pra ela: "quer, saber, nega? eu ando feliz."

Sweet Toxicant disse...

E aí, Tim! Tudo bem?

Eu fico impressionada com a sua capacidade de falar sobre coisas sensíveis de um jeito tão bruto, tão macho! É PERFEITO!

Os homens de hoje em dia ou são brutos ou são frutinhas, bleh! Você é um dos poucos que consegue ser homem e sensível sem avacalhar.

Amei o seu texto e sim, o melhor de um relacionamento é a intimidade... não tem igual!!

Chris disse...

Oi Tim, que legal, finalmente voltou a escrever! Realmente o melhor da relação é a intimidade e talvez também o pior dela... rsrsrs O bom é quando a gente coloca na balança e se dá conta de que sempre vale a pena tentar construir de novo todo esse lance, com todos seus altos e baixos, nunca monocórdico, até porque se fosse assim daria uma "preguiça", como costumo dizer. Essa é a graça da vida, não é mesmo? Quando alguém desperta na gente uma vontade de começar do zero, tudo de novo, assim como o primeiro beijo ou o primeiro almoço no domingo com a família. Isso é viver!!! Beijos

Link Letal disse...

Pô Tim, me identifiquei master com seu texto, acho que porque somos arianos... hehehe, pensamos muuuuuito parecido e temos um histórico também parecido. Muito bom meu amigo! Mandou bem!